O fim de namoro recente é um pé na testa, já que não tenho saco.
Não o tenho no sentido escrotal nem no sentido informal da palavra, quando
indica paciência.
Já aconteceu comigo de parecer cachorro atrás
do caminhão da mudança, com a diferença de que, ao invés de cair, fui mesmo é
chutada. E doeu pra burro!!!
Lembro que não existia o sentimento de estar
me humilhando, existia sim uma força monumental que me impulsionava a passar
naquela rua em horários os mais variados, existia uma vontade incontrolável de
ligar para aquele celular sempre desligado ou fora de área - isto quando não
era desligado na minha cara. Existia também a certeza - absoluta - de que minha
vida não teria nunca mais sentido algum se eu não pudesse estar próxima daquele
ser impar e amorosamente avassalador.
Como tem coisa demorada, né!? - Como, por exemplo, estas
paixões que arrebatam e a dilaceram a alma aos poucos, aliás, este processo
auto-destrutivo e sequestrador da sensatez acontece tão lentamente que, embora
todos a minha volta percebessem, eu não me dava conta. Bom, ao menos comigo foi
assim! E se o durante demorou pra caramba, demorou ainda mais pra passar
quando acabou!!!
Porque, inferno mental, num relacionamento há
sempre um que é mais forte ou menos sensível à dor do outro. Outra coisa
importante que percebi, quando a dor era minha sofri sem muito alarde, depois
dos primeiros rompantes - meses de primeiros rompantes - consegui sofrer
quieta, quase calada.
O fim de namoro recente é como um limbo sob
nossos pés! Tentei levantar e voltei a cair por incontáveis vezes. As feridas
maiores foram causadas pelas ausências, ausências daquela criatura sagrada da
qual ninguém podia falar mal, ausências de meu amor próprio, ausências da minha
vontade de diminuir o consumo de álcool e cigarro.
O terapeuta e o antidepressivo fitoterápico
chegaram à minha existência exatamente após uma paixão obsessiva.
O que mais me cala fundo n'alma ao
recordar é o fato de meu coração ter ficado em desalinho; ainda por muitos meses,
anos até, quando ouvia uma voz ao longe ou sentia um perfume ou vislumbrava uma
silhueta parecida, minha mente voltava instantaneamente ao passado, como se fossem as
"madeleines de Proust", só que em caráter maldito.
Chamei de amor este sentimento opressivo,
este desassossego permanente, esta desdita infinda, quando - na verdade - era
puro desamor. Desamor a mim!!!
Um dia, nem sei quando, Deus olhou pra mim e
eu o olhei de volta... Eu disse a Ele: "Senhor me ajuda, afasta de mim
esta dor e a causa dela; por favor, nem que eu peça, pois sei que vou pedir, por isto repito - nem que eu peça - traga de volta a minha vida este anjo rebelde que me tirou a paz; eu imploro que
me ajude, pois eu mesma não tenho forças nem vontade de modificar este estado dormente de espírito". Depois disto, chorei até não mais poder e adormeci.
Quando acordei ainda me sentia triste, com um vazio infindo no peito, um vazio de saudade eterna, como se a morte tivesse me levado algo. E levou!!! Morreu em mim a postura covarde que me rebaixava perante meu algoz!
Nasceu em mim a altivez daquele que pagou muito caro pra voltar a ter um relativo equilíbrio emocional e, mesmo me sabendo tão vulnerável, veio à luz do sol a certeza de que o amor verdadeiro ainda não havia chegado, junto com esta certeza, foi restaurada a esperança e minha fé no amanhã.
Quando acordei ainda me sentia triste, com um vazio infindo no peito, um vazio de saudade eterna, como se a morte tivesse me levado algo. E levou!!! Morreu em mim a postura covarde que me rebaixava perante meu algoz!
Nasceu em mim a altivez daquele que pagou muito caro pra voltar a ter um relativo equilíbrio emocional e, mesmo me sabendo tão vulnerável, veio à luz do sol a certeza de que o amor verdadeiro ainda não havia chegado, junto com esta certeza, foi restaurada a esperança e minha fé no amanhã.
Pois bem, enquanto se espera, se age, se
vive! Posso estar feliz por tantas razões que me deixar abater por uma, ainda
que tão importante, é desperdício. Não estou aqui para investir meu tempo no
que não tenho, ou ainda, não estou aqui para investir meu tempo com quem não
soube me valorizar. Por isto, digo: "ei moço, toca pro aeroporto! Correr é
pouco, quero voar!!!".
![]() |
Imagem: www.telegraph.co.uk |
Com o começo, começa o fim. Com o fim, um novo começo.
ResponderExcluirGK